
O gol de Basílio, no dia 13 de outubro de 1977, ficou eternizado como o tento que acabou com o jejum de títulos do Corinthians, que tinha começado na edição do Paulista de 1954 – o clube ganhou aquele título no início de 1955. Agora, com mais uma decisão entre Corinthians e Ponte Preta, muito se fala muito da decisão que aconteceu há 40 anos e principalmente do tento marcado por Basílio, mas sempre é bom lembrar que a conquista corintiana teve outros aspectos que precisam ser lembrados, inclusive que a Ponte Preta tinha um timaço e ajudou a transformar o triunfo do time de Parque São Jorge em uma autêntica epopeia.
São 40 anos de uma conquista em um Estadual.
Ela merece ser tão lembrada?
Sim. Além de marcar o fim da longa fila corintiana, que já durava 23 anos, é bom citar que na década de 1970 vencer o Campeonato Paulista, ou qualquer Estadual, era prioridade. Para comprovar como os Estaduais tinham importância naquele período, o Paulista de 1977 começou no dia 5 de fevereiro e só terminou no dia 13 de outubro, uma maratona de oito meses, um pouco menos do que dura o Brasileiro atualmente. Também é preciso lembrar que corintiano ou não, não houve quem não se envolvesse com aquelas três partidas finais, entre o time do Parque São Jorge e a Ponte Preta – hoje nem em Copas do Mundo temos tal envolvimento.
Regulamento confuso
A fórmula do Paulista de 1977 não foi tão simples como a do torneio atual.
Há 40 anos, campeonato teve 19 participantes. A fórmula de disputa foi confusa: dois turnos, onde todos os times jogavam contra todos, com etapas finais em cada parte, e uma fase final disputada por oito clubes – com todos jogando contra todos, em turno único, mas divididos em duas chaves, com o vencedor de cada uma disputando o título. Em grupo estavam Ponte Preta, Palmeiras, Santos e Botafogo-PR e a outra chave contava com: Corinthians, São Paulo, Portuguesa e Guarani.
Arrancada para disputar à final
No caminho de sete jogos para disputar a decisão, o Corinthians começou muito mal. Estreou empatando com o Santos (2 a 2), perdeu da Ponte Preta (0 a 1), venceu o Palmeiras (2 a 0) e contra o Guarani sofreu mais uma derrota (0 a 1).
Com apenas três pontos – a vitória só valia dois pontos –, o Corinthians só disputaria a final se conseguisse três vitórias. E foi isso que aconteceu. O time somou triunfos nas três últimas partidas contra Botafogo-RP (1 a 0), Portuguesa (1 a 0) e São Paulo (2 a 1). Assim, o time de Osvaldo Brandão, técnico que tinha levado o Corinthians ao título do Campeonato Paulista de 1954, se classificou para disputar a decisão contra Ponte Preta, que terminou a fase semifinal invicta, com cinco vitórias e dois empates.
Os jogos entre Ponte Preta e o Corinthians naquele Paulista
Antes dos três jogos finais, Corinthians e Ponte Preta tinham disputado três jogos e o time de Campinas venceu todos: 4 a 0, 2 a 1 e 1 a 0, com os dois últimos resultados obtidos na capital paulista. Nos três confrontos da série final tivemos: Corinthians 1 a 0, Ponte Preta 2 a 1 e Corinthians 1 a 0. Também fica uma dica para os finalistas de 2017. Há 40 anos, os times que jogaram com os uniformes pretos venceram os jogos decisivos.
Aprendendo com as derrotas
As derrotas para o Palmeiras, na decisão do Paulista de 1974, e para o Internacional, na final do Brasileiro de 1976, fizeram o time corintiano aprender como jogar partidas decisivas. Por exemplo, na série final de 1977, apesar da pressão, o time não lembrou a equipe afoita que perdeu o título para seu maior rival três anos antes.
Palhinha
Um jogador importante na campanha do título, o atacante Palhinha, que o Corinthians trouxe do Cruzeiro. Ele não jogou a partida decisiva (estava machucado, por isso não aparece na foto do título e nem na ficha do jogo decisivo) e é esquecido – injustamente – por muitos. Artilheiro, ele fez o gol – de nariz - do Corinthians na primeira decisão, vitória corintiana por 1 a 0.
Irmão contra Irmão
O lateral-direito Zé Maria (Corinthians) era irmão de Tuta, ponta-esquerda da Ponte Preta, e esse fato deu um tempero especial aos confrontos decisivos. No duelo direto, o jogador corintiano acabou levando a melhor e Tuta, que havia começado a sua carreira no Corinthians, acabou sendo substituído no segundo jogo e também na terceira partida.
Desfalque importante
Lógico que a polêmica expulsão do atacante Rui Rei no terceiro jogo mudou o rumo da decisão, mas também é bom lembrar que a Ponte Preta entrou no jogo decisivo sem um dos seus principais jogadores, o lateral-esquerdo Odirlei, que tomou o terceiro cartão amarelo no segundo jogo. Mesmo se ficasse com onze jogadores, a Ponte Preta sem o seu lateral titular já tinha entrado enfraquecida. O Rui Rei não foi o único jogador expulso no jogo decisivo. Oscar (Ponte Preta) e Geraldão (Corinthians) tomaram o vermelho quando o placar já apontava 1 a 0 para o Corinthians.
Pesquisa - Magno Moreira e Maelon Felipe Sales de Moraes
Comentários
Postar um comentário